terça-feira, 10 de maio de 2011

Carta de um suicida


As paredes daquele quarto pareciam menores a cada dia que a fumaça do cigarro ia se agarrando nas cortinas, me lembrando em todo vento que batia que por mais que eu te esperasse no vazio e no silêncio dos meus textos, a única coisa que eu tinha certeza é que eles nunca mais seriam preenchidos com o teu presente. No cinzeiro somente os meus restos.
Se os pássaros que fogem dos meus passos, me fazem passar por cada esquina que corri atrás de notícias suas e encontrei as malas feitas, sua cara de... pena.
Me encontrar naquele estado te fez repensar o que poderíamos ter sido? Me achou louco.
Eu poderia me afogar nas suas lágrimas se aqui houvesse essa possibilidade. Mas elas me causam dor. Queria te abraçar agora. Pegar tua mão e dizer para não chorar, que tudo ficará bem. Foi a pressão das noites que tive que encarar sem você, e aquela casa que não me confortava todas as vezes que eu lembrava o seu sorriso. Longe demais. Tarde demais.
Ainda que eu gritasse, por mais alto que fosse nada nem ninguém atendia o meu chamado e o meu pedido de socorro.
Como lidar com o tempo infinito?
As escadas, o terraço, a noite fria que você gostava, uma ou duas taças de vinho. Gosta dessa noite amor?
Ela é sua.
Vi que é possível voar.
Temos escolhas, não sanidade. Uns se dizem fortes, mas tem medo da morte, uns fracos e não tem medo de morrer. Do que você abriria mão? Até quando o seu psicológico aguentaria porradas e mais porradas ? Eu sou mais fraco? Mais burro? Ou simplesmente louco?

Algumas escolhas nos fazem refletir e querer voltar atrás.
Eu voltaria. Por você. Só por você, se pudesse.

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