sexta-feira, 29 de julho de 2011

É



Acho que o dia mais feliz da minha vida será quando eu olhar em voltar e puder dizer “Caramba, olha como eu sou independente.“, quando eu tiver o meu trabalho, as minhas contas, a minha casa, as minhas preocupações reais, sabe, quando eu viver de verdade. Até agora isso que eu tenho não posso chamar de vida. O que eu tenho é um monte de gente que manda em mim, que tem que se preocupar com as minhas despesas, com os meus problemas, com a minha saúde, com o meu estudo e blá, blá, blá. Não gosto de ser peso.
Eu quero muito saber como é viver, passar pelas durezas e também ser recompensada pela vida. Se tiver uma coisa que eu detesto é depender das pessoas, por mais próximas que elas sejam e mesmo que elas não se importem em ter que fazer as coisas por mim. Quando elas agem de má vontade, não faço a mínima questão de que façam o mínimo esforço por mim, eu dou meu jeito, porque mermão eu sou Brasileira, não desisto nunca e vou te dizer mais... No fim, eu consigo.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Reflexos


Agora eu sou uma senhora de noventa e poucos anos, sentada na varanda do meu prédio, porque toda aquela fantasia de casinhas pintadas de cores fracas e jardins floridos não é a realidade de uma velha da minha idade. Venho aqui todos os dias e todos os dias me recordo de uma parte da minha vida. O vento bate na minha pele cansada de viver e o ar enche meus pulmões poluídos. Os cabelos brancos tomaram o lugar daquelas lindas ondas castanhas que eu tanto odiava, as rugas e as manchas do sol escondem a pele branca e sem defeitos que eu não me conformava em ter, e os corpos perfeitos que eu via na televisão e tanto desejava para mim, hoje é tempo que perdi enquanto tentava ser igual a todas aquelas mulheres.
Quando se tem noventa e poucos anos a única coisa que você quer é que não se esqueça do nome das pessoas da sua família, que sua dentadura não caia da boca e que sua coluna não resolva te matar de dor. Eu era tão linda. Nas fotos eu estava tão linda. Agora preço uma ameixa seca e tudo o que eu quero é ter mais algumas oportunidades nessa vida que me resta.
Dane-se a perfeição que eu procurava, só agora à beira da morte é que eu vejo que eu não deveria ter me importado tanto com a merda do meu corpo e do meu cabelo.
Fui uma mulher com tantas realizações... Tive dois filhos lindos, evoluí profissionalmente, um marido maravilhoso, amigos incríveis que estiveram comigo nos piores momentos da minha vida e fizeram os melhores momentos se tornarem inesquecíveis, e mesmo assim, passei a vida toda olhando para o espelho e achando alguma coisa que deveria mudar em mim.
Acho que o que mais me arrependo, depois de todos esses anos, foi ter me olhado tantas vezes naquele maldito espelho que só refletia as burrices que eu pensava, nada mais.

Caroline Linhares

domingo, 24 de julho de 2011

Amy s2


Nesse sábado, 23 de Julho de 2011, demos adeus a uma artista incrivelmente talentosa e sensível, que escrevia todas as suas angústias através das suas músicas.
Chamem Amy Winehouse do que quiserem, mas hoje estou aqui para falar da grande estrela que essa cantora se tornou, em tão pouco tempo.

Pouco antes de Amy morrer, estive lendo sua biografia. Desde que a conheci, me apaixonei pela voz cheia de atitude e sem esforço, nela, junto com as letras estava escrita a personalidade e a vida da cantora, sem que muita gente percebesse. Pelo visto, resolveram reparar só agora que Rehab, sua música mais famosa, escondia, ou melhor, escancarava o fato de que Amy se sentia sozinha, no entanto, só tentavam enfiá-la na reabilitação, não procuravam ajuda, mesmo sabendo que depois que ela saísse da clínica, a rotina alcoólica voltaria.

“I don't ever want to drink again
I just, ooh, I just need a friend
I'm not going to spend ten weeks
And have everyone think I'm on the mend
It's not just my pride
It's just 'til these tears have dried

Tradução:
Eu não quero beber nunca mais
Eu só preciso de um amigo
Não vou desperdiçar dez semanas
Pra todo mundo pensar que estou me recuperando
Não é só meu orgulho
É só até essas lágrimas secarem

Desde pequena, Amy era conhecida por seu gênio difícil e ao mesmo tempo por sua linda voz.
Matava as aulas porque não gostava que as pessoas a dissessem o que fazer, quando estava na escola tocava o terror. “Eu recebia notificações o tempo todo. Irrita, depois de um tempo ter de assinar um pedaço de papel depois de todas as aulas, então eu saí“, Disse a cantora.
Amy sabia que não precisava que a ensinassem o que estava na sua essência, no seu destino.
Aos treze anos, Amy fez uma audição para entrar na escola de teatro Sylvya Young, ao abrir a boca e cantar Sylvya reconheceu o talento da menina, que ganhou uma bolsa de estudos. Como de costume, cada candidato teria que escrever um breve comentário dizendo por que queria entrar para a escola. Amy escreveu:

“ A vida inteira fui barulhenta, ao ponto de me dizerem para calar a boca.
A única razão que eu tinha para isso era porque precisava gritar para ser ouvida na minha família.
Minha família? É, vocês leram certo. O lado da minha mãe é bem legal, e a família do meu pai é a extravagância cantante, dançante musical, tudo musicalmente pirado.
Disseram-me que eu era dotada de uma bela voz, e acho que a culpa disso é do meu pai.
Ao contrário do meu pai, de sua criação e seus ascendentes, quero fazer alguma coisa com o talento com o qual fui ‘abençoada’.
Meu pai se contenta em cantar em voz alta em seu escritório e em vender janelas. Minha mãe, no entanto, é química. Ela é quieta, reservada.
Eu diria que minha vida escolar e os boletins escolares estão cheios de ‘poderia fazer melhor’ e ‘não aproveita seu potencial máximo’.
Quero ir para algum lugar em que possa ir até o meu limite e talvez mesmo além.
Cantar em aulas sem que me digam para calar a boca (desde que sejam aulas de canto).
Mas, principalmente, tenho o sonho de ser muito famosa. Trabalhar no palco. É uma ambição da vida inteira
Quero que as pessoas ouçam minha voz e simplesmente... esqueçam seus problemas durante cinco minutos.
Quero ser lembrada por ser uma atriz, uma cantora, por concertos repletos e shows lotados no West End e na Brodway.
Por ser simplesmente... Eu “


Quando fiquei sabendo que Amy Winehouse viria para o Brasil os ingressos para o show já estavam esgotados, e aquela situação me fez pensar “Será que eu ainda vou ver a Amy cantando ao vivo?”, pensei certo, cinco meses depois, no meio da estrada, em algum lugar de Minas Gerais a televisão do restaurante em que eu almoçava anunciou a morte de uma das cantoras mais incríveis do século XXI. Não acreditei, de verdade, continuei a comer como se nada estivesse acontecendo.
Quando cheguei em casa a notícia estava por toda a parte.
Aumentei o som e a linda voz estava lá cantando “Valerie” mais viva do que nunca, no meu coração.

Para todos os interessados em ler a biografia da cantora: http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/2598593

Caroline Linhares

terça-feira, 12 de julho de 2011

Do nada

Vamos fingir que eu te encontrei.
Eu apressada, enrolada com a bolsa, num frio terrível de uma tarde de inverno sem muitas expectativas, pronta para virar na próxima esquerda.
Você trocando as músicas do mp3, tentando achar a certa para o momento, por mais indiferente que ele fosse, sem ligar muito para onde os seus pés te levavam e sem nem perceber que viraria a direita.
A sacola cai da minha mão, me abaixo para pegar, tentando achar um jeito de que todas as outras coisas não caiam de mim. Você não me vê e esbarra em mim, eu te olho com um pouco de raiva e você com cara de “Foi mal!“ , me levanto, volto a andar e o meu salto quebra.
Paro, respiro, reflito o meu dia e vejo que nada deu certo... Começo a chorar. Você me pergunta se está tudo bem e eu tenho uma leve impressão de que se eu te matasse talvez me sentisse menos estressada, digo que não e você vendo que realmente não estou bem, pergunta se eu gostaria de tomar um café com você.
Sentada na mesa, depois que a raiva foi transferida para uma torta de nozes, me sinto um pouco melhor e vejo o quanto o seus olhos ficam bonitos quando a luz do fim da tarde fria bate neles, você me olha achando que sou um pouco maluca, mas gosta do jeito que eu me visto e de como aparentemente pareço não ligar para o jeito que o meu cabelo cai no rosto, deixando ele lá mesmo. Os seus conselhos sobre nervosismo são bons, você me diz que perdeu o hábito de pentear o cabelo a uns dez anos, que gosta de cachorros e me fala das suas manias esquisitas. Eu te digo que sou jornalista, que tiro fotos de coisas incomuns e marcantes, que minhas sardas me incomodam mas que aprendi a conviver com elas. Terminamos a conversa, eu saio do café e esqueço meu celular em cima da mesa, você liga para alguém, pede o meu endereço e aparece na minha casa no dia seguinte para me entregar. Te chamo para entrar, ficamos desconfortáveis na presença um do outro, te ofereço uma bebida, você vai na cozinha, diz que gostou a minha foto do Elvis na parede, eu dou um sorriso, você sorri de volta e diz que o meu sorriso é o mais bonito que já viu, abaixo os olhos sem graça, você chega perto, seu cheiro é bom e sinto vontade de te beijar, você levanta meu queixo, acomoda alguns fios do meu cabelo atrás da minha orelha e me beija, antes que eu o fizesse.

Caroline Linhares

quinta-feira, 7 de julho de 2011

EAT








Quem precisa de namorado ?

terça-feira, 5 de julho de 2011

Daqui pra frente


Pessoas e suas manias de dizerem que suas vidas não são perfeitas. Pode até ser que não sejam, sinceramente, nunca serão. Tente o quanto quiser, mas sempre vai haver alguma coisa que você mudaria, que você não gosta, de uma atitude que você tomou e se arrepende.
Olhe pro passado, chore, grite, tente mudar, mas quer saber de uma coisa? Não vai.
Suas atitudes erradas não te impedem de tomar as certas daqui pra frente, isso não quer dizer que você é uma pessoa melhor ou pior que eu ou qualquer outra.
Sempre deixei os meus problemas tomarem frente das coisas boas que aconteceram, mas não dessa vez. Agora, eu queria te dizer o quanto tem importância o seu sorriso, o seu abraço, os nossos dias juntos, agora eu só quero que saiba que sou grata pelo maior milagre que aconteceu na minha vida, vir de onde eu vim, crescer como cresci e passar por tudo o que foi imposto a mim, porque passar por tudo isso, construiu o meu caráter, me fez uma pessoa frágil, mas que tem objetivos concretos e nunca perde a fé, que sabe que alguém tem planos melhores para um futuro que compensará os erros do passado e a farão seguir a diante.
Então, nada mais de desculpas, nada mais de tristeza, porque o melhor eu já tenho, amor, fé, esperança e você, só cabe a nós fazer com que o bom fique melhor.
Veja bem, se durante todos esses anos cometemos erros, vamos acertar agora, enquanto há vida, se perdemos tempo, recuperemos, enquanto há vida, se eu não te disse o suficiente o quanto eu amo, te digo agora, porque ainda há vida.

Caroline Linhares

domingo, 3 de julho de 2011

To meio Bolha.


Precisa-se de uma razão para sorrir. Um bom motivo, de verdade, porque as coisas não andam muito bem, quero dizer... Na minha cabeça, lá por dentro tem alguém gritando por um motivo para dar um sorriso.
“Sorria por viver, por ter dois braços, duas pernas, família e tudo mais” digo para mim mesma, “ Não seja egoísta, não se prenda a coisas fúteis e principalmente, indispensavelmente, não se odeie, por favor. “ repito para não esquecer, e acredito. Digo... De coração. Mas vou te dizer uma coisa, sou frágil. Odeio admitir isso, mas sou quase um cristal, e isso não é um elogio. Não gostaria de ser.
Então, não preciso de uma razão para sorrir, preciso de uma forcinha. Uma força de cinquenta leões e uma dose de vergonha na cara é disso que eu preciso, para todas as vezes que os pensamentos ruins invadirem a minha cabeça eu esmaga-los como se fossem baratas e sorrir, não por desespero, mas por saber que sou capaz, capaz de alguma coisa, sabe? Para me amar, e aceitar que eu não vou mudar porque eu sou assim, quero andar na rua com a cabeça levantada e me sentir inclusa, em alguma coisa.
Então, acho que o que me falta é vergonha na cara, só não sei como ter isso, o que me deixa pior ainda, porque a sensação é de que não sou forte o bastante nem pra saber como tomar vergonha na cara, a não ser que venda na farmácia.

sábado, 2 de julho de 2011

You're so pretty




Para todas as lindas meninas que não enxergam a beleza em si mesmas.

Vocês são lindas s2