quarta-feira, 29 de junho de 2011

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Seria tão bom


É só... Ah, eu não sei o que é.
É a falta de alguém, sempre. É querer alguém para deitar nessa cama pequena comigo e ficar me olhando por horas, é um abraço que as vezes faz falta, é um olhar que se perde no silêncio de nossos devaneios, alguém que me diga que livro está lendo e que aquele trecho faz lembrar os nossos dias perfeitos.
Sei lá, acho que eu perdi a sensibilidade, e isso é tão ruim.. É melhor sofrer por amar alguém do que sofrer pro não sentir nada, por saber que ninguém que está perto de você pode te fazer voar.
É só... Que às vezes eu estou aqui, deitada nessa cama, e eu olho para os lados e não tem nada. E... tá tão frio. Eu queria só um balde de pipoca, um filme lindo e um amor.
Pelo amor de Deus, eu só quero um amor de verdade.
“ E mesmo depois de tantos anos meu bem, eu ainda sinto o mesmo frio na barriga, eu ainda sinto a mesma e única vontade de te ter por perto todo o minuto. Depois de todos esses anos... De todas as bobagens, de todos os ciúmes, depois de tanto mandar você jogar essas botas fora, de olhar pra essa sua cara de bichinho pidão, eu ainda sinto a mesma coisa “
HAHA, dizer isso pra alguém um dia ... seria tão bom.


Caroline Linhares

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Love In The Chair

Um feriadão começa e como nós todos sabemos, ninguém vai curtir 24 horas os 4 dias. Quer coisa melhor que num dia de tédio, ficar na sua poltroninha assistindo um filme? Não. Então aqui estou pra indicar 4 filmes de comédia romântica pra voceees rs. Sentem nas suas poltronas, peguem seus baldes de pipoca e desliguem o celular ;)

O Primeiro Amor (Flipped)

Pra começar, foi o melhor filme que já vi em 2011 até agora, e é de longe o filme mais encantador que já vi.

Bryce Loski se muda para a cidade de Juli Baker, ambos com 7 anos. Juli se apaixona de imediato pelo incríveis olhos azuis de Bryce, enquanto Bryce, meio tímido e desinteressado, foge de Juli. Eles crescem juntos, na mesma rua e colégio, e até os seus 13 anos, Juli continua perdidamente apaixonada por Bryce, enquanto ele não sente nada por ela além de “pena”. Os dois são de mundos e personalidades completamente opostas, e isso, sem querer, faz Juli repensar se Bryce é realmente tão incrível quanto seus olhos. E com o tempo, Bryce vai vendo que Juli e sua família são muito mais especiais do que parecem ser.

É uma história linda, é o romance de infância que todos sonham/sonharam viver. Além da história principal o filme tem várias lições que ninguém pode deixar passar batido. A simplicidade dos personagens, a inocência de toda a história... tudo vale muito a pena. Sem contar que o filme é estrelado por dois lindinhos fofos demais, Madaline Carroll (Juli Baker) e Callan McAuliffe (Bryce Loski) rs. Recomendo 100% pra toda a família.

Ps: Não encontrei nenhum trailer legendado, sorry =/


Amor e Outras Drogas (Love & Other Drugs)

Jamie Randall é um conquistador quase profissional, do tipo que já saiu com... bom, inúmeras mulheres. Depois de perder seu emprego numa loja de eletrônicos, por ficar justamente com a mulher de seu chefe, ele passa a ser representante de uma marca de remédios, tendo que convencer médicos a prescrever o produto. Numa dessas, ele conhece Maggie Murdock, uma mulher de 26 anos que sofre de Parkinson. Jamie imediatamente fica atraído por ela, só que depois de levar um fora dela, ele fica encantado. Os dois combinam ter apenas um relacionamento casual, sexo e nada mais, até os dois notam que tem algo muito mais forte entre eles.

A história parece um grande clichê, mas acreditem, é linda e até bem original. Anne e Jake tem uma química absoluta em cena, que por acaso, são ótimas. Eu acho que o único ponto “ruim” do filme, é quando dramatizam demais a doença, que faz o filme passar totalmente de comédia romântica para um romance dramático, só que ainda assim, o filme continua ótimo rs. Particularmente, Amor e Outras Drogas me rendeu muitos risos e lágrimas, além da diva Anne Hathaway e do gostosolindotesãomuitomeu do Jake Gyllenhaal, e essa mistura o fez tornar (para mim) um dos melhores filmes que já vi.


500 Dias Com Ela (500 Days of Summer)

Numa história que se passa em 500 dias, Tom Hansen (Joseph Gordon-Levitt), um cara fofo que trabalha na produção de cartões comemorativos, conhece Summer Finn (Zoey Deschannel), a nova assistente de seu chefe, numa reunião de trabalho. Como amor a primeira vista, ele se encanta por Summer, que tem um pequeno defeitinho: Não acredita no amor. Mesmo assim, eles passam a ter um relacionamento, que depois de um tempo, acaba.

A história é dividida em partes não lineares, fazendo você prestar atenção em cada cena que passa. Os momentos dos dois são recortados em bons, ruins, brigas, etc. O longa tem um elenco e uma estrutura super diferente e divertida, que te prende mesmo. Sem contar a trilha sonora impecável. O filme em si é super divertido e mais original e cativante impossível (minha opnião).

Como vi em um comentário sobre o filme, 500 Dias Com Ela não se trata exatamente de amor. Fala de sentimento, destino, amizade, carinho, perda. Com certeza em alguma hora do filme, você vai se sentir na história. Eu mesma já fui uma Summer e um Tom. Já tive um Tom. Assim como creio que muitos que viram/verão irão se identificar também. O filme é muito melhor do que a gente já imagina... é incrível, apaixonante, divertido, emocionante... é simplesmente perfeito. Dou nota 1000 e recomendo muito.


Ressaca De Amor (Forgetting Sarah Marshall)

Peter Bretter (Jason Segel) é um compositor de músicas para seriados que namora uma famosa atriz, Sarah Marshall (Kristie Bell). Ao ver o fim do seu relacionamento, ele se desespera completamente. Ao se ver triste, caído, totalmente relaxado com sua aparência e com seu coração super abalado, ele decide viajar para o Havaí para esquecê-la. O que ele não contava, era que Sarah estaria no mesmo lugar que ele, e ainda por cima com outro cara, o popstar Audous Snow (o meu amor totoso Russel Brand). Desiludido, Peter vai em busca de novas aventuras (desculpem o termo tão 'sessão da tarde', mas não vi outro melhor), chegando até a matar um porco. No meio disso tudo, ele passa a se envolver com Rachel Jansen (Mila Kunis). Junto com ela, ele passa a ver que há coisas na vida muito mais importantes do que aquilo que ele tanto venerava, Sarah Marshall.

O filme não é só isso, tem mais história mas infelizmente eu não posso mais contar rs. O filme se passa num lugar lindo, daqueles que você pensa “quero pular nesse mar agora”. Não vou dizer que o filme é “óooootimo, nossa, maravilhoso”, porque ele não é. O filme é legal, é uma comédia romântica como as outras, tem um diferencial, mas nada “OH”. Mas mesmo assim, é sério, vale muito a pena assistir, e não ligo se to entrando em contradição. Eu vi uma mensagem nele que talvez muitos abominadores de comédias românticas não viram: superação. Você se superar no fim de um relacionamento em que você se deu tanto, amou tanto, não é fácil, e Ressaca de Amor ensina exatamente isso. Só que com um porém: nós não iremos ao Havaí para isso Risos.

Se você quer rir, se distrair, tá no tédio e quer fazer alguma coisa, recomendo mesmo assistir Ressaca de Amor. Só não chame seus pais, ou seus filhos, aliás, Jason aparece nu, e vamos evitar aquele momento “to sem-graça” entre família =)

Ps: Não encontrei nenhum trailer legendado, sorry =/



Enjoy!!
mil beijos, May Rodrigues :)

domingo, 19 de junho de 2011

Put your hands up!



Na minha opinião, sábado à noite em casa é sinonimo de suicídio mental , computador e tédio. Você saber que lá fora, em algum lugar, tem milhões de pessoas se divertindo, dançando e que a única diversão disponível ao seu redor é comer é realmente um motivo pra ficar na fossa profunda.
Pessoas com o meu padrão de vida, não tem condições sair todos os fins de semana, porque, como as beldades sabem, dinheiro não dá em árvore.
Então, resolvi postar algumas sugestões de lugares com um preço mais em conta e dicas para gastar menos e se divertir do mesmo jeito.

O Grupo Matriz é conhecido por ter as melhores casas noturnas do Rio de Janeiro, com opções musicais para todos os gostos. Algumas festas tem temas específicos, como é o caso da "PopCorn" que acontece periodicamente na Pista 3 e a "Game Over" na Casa de Espanha.

PopCorn : Sempre cheia, animada e frequentada pelo público jovem, a festa tem ótimos DJ's tocando muito Pop-Billboard e Rock-Dançante-BateCabeça.A pipoca é liberada a noite toda, o ambiente é descontraído e o preço é super acessível.
Vale a pena conferir!

Vídeo da última festa PopCorn :


Game Over : Voltando à infância! Além de tocar o melhor do Rock e Pop a festa disponibiliza games de fliperama para as pessoas de divertirem tanto dançando, como jogando.
Você pode pagar menos se botar o nome na lista amiga.


Além dessas o Grupo Matriz tem muitas outras festas ótimas, com preços bons e o segredo para mandar qualquer depressão e tédio de um sábado em casa para o espaço.

Endereços e Sites

Pista 3

Rua São João Batista, nº 14. Botafogo. Rio de Janeiro.
Telefones: (21) 2226.9691 ou (21) 2266.1014 (noite)

Casa de Espanha
Rua Vitório da Costa, 254 - Humaitá
Rio de Janeiro

Espero que tenham gostado das dicas.
Se tiverem algumas sugestões de lugares, podem escrever aqui em baixo nos comentários.

Beijos, Carol.


sexta-feira, 17 de junho de 2011

Free ♪


Vamos fugir um pouco do básico short jeans com camiseta branca (que com alguns acessórios e uma bolsa maneira também fica lindo). Moramos num país tropical, abençoado por Deus e por isso, mesmo no inverno, podemos usar umas roupas mais leves.
A bota com um jeito mais masculino fica muito bem com combinações mais leves e jeans, para que os vestidos com estampas não sejam esquecidos, você incrementá-los com uma jaqueta jeans ou moletom customizado, só cortar a parte de cima e as mangas, acrescentar tachinhas ou bottons, você pode viajar.


Como o clima aqui do Brasil é meio indeciso, se estiver mais frio você pode optar por um casacão em cima de um vestido romântico e bota de cano longo, daquelas até o joelho mesmo, que está super em alta. As combinações variam de acordo com o clima, mas as sobreposições de roupas não podem ser muito exageradas para o look não ficar com uma cara agressiva.


Você tem infinitas possibilidades dentro do seu armário, se observar bem, pode encontrar vários looks diferentes com peças iguais usadas de formas diferentes.

Beijos.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Olha só ..

Vou te pedir uma coisa... Para com isso, não pode se apropriar da beleza do mundo inteiro, é ilegal, não tem lei pra isso, mas não é legal. Deixa de ser tão chato e de ter esse jeito que me faz querer desvendar todos os mistérios escondidos por trás desse seu sorriso bobo. Para, já falei! E também não quero mais essa coisa toda de você ser sexy e ter o melhor cheiro do mundo, isso também não pode mais, entendeu? Agora veste essa blusa, que desse jeito aí, com esses músculos no sereno, corre risco de pegar uma pneumonia. Ei, não ri da minha cara de tonta, não gosto. Sai do meu colo, não me pede cafuné, não me olha com esses olhos... Ah, não me olha com eles, por favor. Esse beicinho... Para com isso... Na .. Não mexe no cabelo desse jeito, não me encara, não gosto disso, nem desse seu ar de sonso, já te falei isso alguma vez? Acho patético. E não chega tão perto... pa... para de respirar o meu ar... Seu nariz está gelado, não gosto quando ele fica assim... Ei.. o que você pensa que está fa...

terça-feira, 14 de junho de 2011

Série : Até Caso !

Hugh Jackman

Dudu Azevedo

Jake Gyllenhaal

Ashton Kutcher

Cara desconhecido que achei lindo


Beeijos, Carol.

domingo, 12 de junho de 2011

Bento. (parte 2 )



Sentamos num quiosque do posto oito da praia de Ipanema, pedi duas águas de coco e dois pastéis. Fiquei olhando para o jeito educado como ele comia, como se postava, e que jeito de falar era aquele?

– Quais são seus autores favoritos – Quis testar toda aquela intelectualidade.
– Eu gosto de livros, da imaginação, da criação, das mentes por trás da obra, os nomes não importam, cada palavra lida é uma lição pra vida, te acrescenta alguma coisa.
Mendigos não falam isso. Mendigos não leem e principalmente... Mendigos, não esperam engolir a comida para falar.

Bento ficava deitado num pedaço de papelão com jornais em cima, com as folhas todas arrumadinhas e um lençol velho por cima, vestia uma camisa suja vermelha com uma calça que parecia mais um saco de batatas velho e imundo. Era uma pessoa educada e culta, com um vocabulário rico e gestos doces. Como todas as pessoas que moram nas ruas, ele não merecia estar ali, mas eu também não poderia levar para casa um desconhecido...
Em casa, parei para pensar na situação que estava me incomodando. Como Bento tinha virado mendigo e porque essa obsessão por livros.

Estava atrasada para o trabalho, tinha procurado as chaves do carro a manhã toda, e só depois de revistar tudo, me lembrei que estavam na minha bolsa, perdi o pen drive com as matérias da nova edição, esqueci a panela com água no fogo e a água evaporou toda, não tomei café, nem levei o cachorro pra passear, pedi desculpas “ Desculpa pig, mamãe te leva quando voltar, prometo “. O nome dele é pig porque quando encontrei ele na rua pensei “Ele é gordo igual a um porco “.
Todos na redação estavam enlouquecendo. Roubaram a idéia da matéria de Comportamento e tínhamos que arrumar outra até o dia seguinte, não dava para esperar.
Como sempre... Sobrou pra mim, e mesmo que eu estivesse atolada de trabalhos pendentes, seria obrigada a dar um jeito nisso mais uma vez.

– O que eu posso escrever?...
Por mais que eu tentasse pensar parecia que a minha inspiração resolveu sair de férias. Normalmente as ideias brotavam do nada na minha cabeça, mas naquele dia tinha um vazio enorme e nada que eu pensasse parecia ser uma boa ideia.
– Odeio essa revista de mulherzinha! Todas as matérias são sempre iguais “ Como seduzir o cara dos sonhos “, “ A mulher do século XXI “, “ Príncipe ou Sapo ? “ .. Sempre a mesma chatice que todo mundo já está cansado de saber, mas que todo o santo mês uma revista feminina publica.
Eu não queria fazer mais uma matéria inútil sobre o comportamento feminino idiota, eu queria inovar, chocar, emocionar, eu queria falar sobre uma coisa realmente interessante, que... Bento.

Peguei meu gravador, câmera, papel e caneta e fui atrás da minha matéria como todo o bom jornalista deve fazer.
Deitado no lugar de sempre, olhando pro nada, pensando em alguma coisa, estava o meu amigo Bento.
– Oi, boa tarde.. Fazendo o que ? – Perguntei
– Nada, olhando as pessoas passarem e vendo as diferenças
– Huum... – Parei por dois minutos pra ver aquilo que ele via ­– Então... Bento... A situação é a seguinte... Roubaram as ideias das matérias da revista onde eu trabalho e... Eu preciso fazer outra até amanhã... Queria saber se você estaria interessado em ser entrevistado por mim, porque você sabe que é uma pessoa de rua diferente, com hábitos diferentes e eu, pessoalmente, queria muito saber mais da sua vida, o que aconteceu para você vir parar nas ruas, entre outras coisas...
– Minha vida não é uma das mais divertidas para você me entrevistar, e as coisas que eu passei fizeram de mim nada mais que um mendigo. Acho que eu não sou a pessoa certa para fazer da sua revista um sucesso.
– Mas eu acho... que é a pessoa ideal . Olha isso... Uma pilha dos melhores livros que muitas pessoas de alta renda nunca pensaram em ler. Você é mais culto do que muito filhinho de papai que anda por aí... Eu só queria que você me permitisse mostrar o seu valor para o mundo.
– Então tá... Eu morava no interior do Rio, junto com meu pai. Minha mãe morreu quando eu tinha 6 anos... Ainda lembro dos olhos verdes lindos, mesmo depois de doentes, falidos, e da sua mão gélida, macia que me tocou minutos antes de morrer. Cresci com o meu pai, Seu Francisco, dono da mais variada biblioteca popular da cidade. Éramos uma família pequena e sem muitos recursos, mas ele me ensinou boa parte das coisas que sei sobre a vida... Que ela é cruel, mas pode ser linda, se olhá-la com os olhos certos, que esperar é chegar, nem que demore a eternidade, fazer o certo mesmo que todos sejam errados e ler com os olhos da alma, sem críticas, porque cada história, cada verso, preenche sua vida com o mais rico sabor do conhecimento e todo conhecimento é válido. Era um homem incrível. Faleceu quando eu tinha 12 anos, cuidei dele até o último minuto de vida. Como fiquei sozinho depois da morte dele, fui morar com as minhas tias e levei junto comigo todos os livros da biblioteca.
Minha tia era... Bem... Uma pessoa difícil. Quando cheguei na casa dela, tratou logo de arrumar o quarto mais escuro da casa e uma lista de coisas para eu fazer. Não liguei, porque minha vida nunca foi fácil mesmo, só me irritava quando ela me machucava. – Levantou a camisa. Pelo corpo várias marcas de queimadura e cicatrizes – Me queimava com plástico derretido e me furava com talheres da cozinha se eu não fizesse as coisas direito. Com dezesseis anos e cansado das agressões, fugi pra rua e trouxe comigo os livros do meu pai. Essa pilha de livros não é nada, se me permitir te mostro .

Andamos um pouco e com as chaves que carregava no bolso, Bento abriu uma portinha que dava para um grande buraco ABARROTADO de livros. Tratei de tirar algumas fotos.

– Um senhor dono da floricultura me cedeu gentilmente esse espaço para guardar meus livros.
Então... Durante todo esses anos passei lendo alguns desses livros, espero terminar de ler todos eles até a minha morte.

Me emocionei.

(Continua...)

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Músicas da semana

Pink - Fucking Perfect :


The Beatles - Something


AC/DC - Highway to hell


Matt and Kim - Daylight

domingo, 5 de junho de 2011

Bento. (parte 1 )


Saía do meu prédio com um pouco de pressa, tinha muitas coisas para fazer, algumas contas para pagar, levar o cachorro no pet shop, comprar um vestido bonito para ir ao coquetel da revista, marcar hora no salão e terminar a matéria sobre “ As melhores coisas do mundo “ que tinha que entregar até a segunda feira. Eu estava ferrada. Odeio trabalhar e fazer as coisas sob pressão. Quando tenho milhões de coisas para fazer em casa eu deixo tudo do jeito que está, compro uma caixa de bom bom, deito na cama, ligo no canal de clipes e desisto da vida até que tudo se ajeite sozinho. A única diferença de fazer as coisas sob pressão em casa e fazer coisas sob pressão na redação é que no trabalho a gente é demitida e em casa as coisas podem ficar no máximo imundas.

O vestido que comprei era LINDO, com uma cor de rosa beem clarinho que quase deixava de ser rosa, cheio de pérolas na parte de cima, em formato de tubinho, a sandália bege me deixava mais elegante e alta, a bolsa de mão tipo carteira fechava o look com chave de ouro.

Tinha chamado o taxi e a moça da voz chata do outro lado da linha falou que em cinco minutos o carro chegaria. Resolvi esperar na frente do prédio já que seria rápido.
Passaram-se mais de cinco minutos e nada do homem chegar, eu já estava ficando impaciente.
Um mendigo, que tinha nas mãos um livro “ O melhor do drama grego “ foi chegando de mansinho, se encostou na parede do prédio, se sentou e ficou me observando.
­- Bela roupa. – Disse para mim com um sorriso no rosto.
Meu taxi chegou e eu entrei. O mendigo continuou lendo o livro que tinha nas mãos, sorrindo e gesticulando algumas palavras que não me lembro muito bem quais foram.

A festa estava cheia. As celebridades chegavam e chamavam a atenção de fotógrafos, os maiores nomes de todas as revistas e jornais mais importantes da cidade estavam presentes, grandes empresários, os patrocinadores, o pessoal da publicidade, a massa pop da comunicação estava lá. E eu estava feliz, porque depois de anos de luta, a Gipsy, era um sucesso.

Como de costume, essas festas de inauguração ou promoção, sempre tem uma coisa em comum, a falsidade. Não dá pra contar nos dedos quantas pessoas querem ser melhores que as outras nesses lugares. Quando alguém chega e te diz “ Parabéns, a revista está o máximo “, já está implícito no pensamento dela algo tipo “ mas a minha será melhor “.
A Editora Chefe da revista rival se encaixa nesse tipo de pessoa. Sempre que pode ela estava lá, pronta para soltar o seu veneno. E lá estava ela, circulando pela festa como se todos estivessem lá para vê-la.
- Quem chamou essa mulher? – Perguntei para Flor, minha secretária, que nunca sabe de nada.
- Não sei.
De fato, eu nunca liguei muito para esse tipo de pessoa, prefiro ignora-las e curtir o meu momento, mas ela já abusa da minha paciência.
- Oi Diana, o que você está fazendo aqui? – Perguntei com toda a falsidade do mundo. Ela certamente poderia usar qualquer má educação da minha parte contra mim.
- Sou Editora chefe de uma das maiores revistas do Brasil, tenho passe livre para entrar na festa que eu quiser. – Naja.
Fiz questão de fingir que ela não estava lá durante toda a festa. Estava tudo ótimo, eu não ia deixar que uma coisa tão pequena acabasse com a minha noite.

As noites de segunda no meu apartamento são as piores. Sou uma mulher sozinha, que vive pro trabalho, não tem filhos, nem marido, nem namorado e todos os meus amigos tem alguma coisa muito importante para fazer nas segundas, menos eu. Isso não me faz uma pessoa triste, foi só uma opção de vida. O que se faz quando o seu jeito de ser não é parecido com o das outras pessoas ? Eu não me adapto a um padrão, e não ligo, o único problema é que quando se é assim as segundas são muito chatas e sozinhas.

Resolvi descer para dar uma caminhada na praia, respirar um ar puro, tomar uma água de coco e ver se essa nostalgia passava.
Bem encostado na escada do meu prédio estava lá.. O mesmo mendigo, lendo um outro livro, só que dessa vez era Correspondências – Clarisse Lispector.
Estranhei vê-lo pela segunda vez na porta do meu prédio com um livro diferente, folheando as páginas com delicadeza como se encostasse numa raridade.
- Você gosta mesmo de ler né? – Não obtive resposta – Gosta da Clarisse?
- Me casaria com ela se Deus me desse a honra de conhece-la – Respondeu com frieza.
- Ei, só te fiz uma pergunta, não precisa ser grosso.
- Grossa foi a senhorita. Outro dia mesmo, eu elogiei o seu vestido e sem demora entrou no táxi sem me agradecer, nem dar um sorriso.
Eu estava mesmo conversando com um mendigo? Está de brincadeira ..
- Me desculpe então.. Qual o seu nome ?
- Bento.
- Tá bom... Bento... – Eu não estava fazendo aquilo – Vamos tomar uma água de coco?
- Como pode perceber eu não tenho como... – Não deixei ele terminar.
- Eu pago... Pode ser?
( continua ... )