sábado, 22 de outubro de 2011

Um espaço pra me chamar de amor


E quando eu fui ver ele estava lá... Jogado no chão, no meio dos carros, olhando pra mim e falando “Corre meu amor, corre“ e a única coisa que eu pensava é que não podia deixar ele alí, não daquele jeito. A culpa foi minha, eu sei disso, e todas as noites eu sonho com aquela cena... Aquela cena que nunca vai deixar a minha cabeça em paz.

Eu tava pegando as minhas coisas e falando pra ele um monte de bobagem, do tipo que se fala quando está de cabeça quente. Eu gritei, bati porta, quebrei um vaso azul lindo que ele trouxe da Índia, que tinha o maior carinho e mesmo assim ele foi atrás de mim dizendo que não sabia mais o que fazer pra melhorar, mas que estava disposto... Ele sempre tava disposto.
E eu disse “O problema é esse, você sempre tenta fazer alguma coisa boa e sempre faz merda”. Ele foi, chorando atrás de mim, dizendo que não queria me perder, que não ia aguentar acordar, olhar pro lado e ver que a cama estava vazia e fria sem mim.
E eu fui, correndo pela rua, fazendo o possível pra que ele não me alcançasse... Sem reparar que dois homens vinham em uma moto trocando tiros com um outro homem mais a frente... E ... Ele tomou um tiro no peito, caiu no meio trânsito, no meio de tanta gente assustada...
E até nas últimas palavras que ele disse... Arrumou um espaço pra me chamar de amor.

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