segunda-feira, 12 de março de 2012

O que você diria se eu dissesse.


– Não... Não vou falar. Você vai rir de mim. Ou então não vai achar nem engraçado, o que vai tornar tudo isso muito pior do que é.
– Eu nunca faria isso... Você sabe que não.
– Sei? Te conheço tão pouco. Acho que ai que está o problema na verdade. Talvez você não seja como eu acho que é, não dá pra saber.
– Bom... Então, o que você quer saber?
– Não, assim não. Melhor não programar as coisas, deixa eu te entender com o tempo. Gosto do seu jeito enigmático. O seu sorriso é o único até hoje que eu não consegui decifrar um futuro. Não tem sentimento. Não que isso seja ruim, mas é difícil. É difícil pra mim.
– Se você não se incomoda eu quero muito que você fale o que está te deixando tão chata.
– To chata mesmo. É que desde sempre vejo aqueles filmes da sessão da tarde, com roteiro péssimo, má qualidade, comédias românticas e pra mim era assim que devia ser, fácil, decifrável, mas você... Você é aquele tipo de filme erudita, cult, difícil, que tem que voltar a cena várias vezes pra entender a mensagem. E... Às vezes eu acho que sou muito “Sessão da Tarde” pro seu cinema europeu avançado. Muito hollywood clichê.
– Adoro o jeito que você faz analogia de tudo com o cinema.
– Você quer fugir do assunto. Por que sempre tem que fugir do assunto?
– Queria entender um minuto de você. Parece que a todo o momento você quer que eu diga “Ok, então... Vai embora”. É isso que você quer?
– Não.
– Então vem, deita aqui que to com saudade do teu corpo.
– Não, sério. Por que eu? Tem um milhão de coisas, pessoas e filmes melhores que eu... Tem o mundo fora desse quarto com todas as qualidades que você nunca vai encontrar em mim. Cara, ta trocando... Sei lá “Avatar” por “Lagoa Azul”.
– Escolhi você e você não é Lagoa Azul. Ta mais pra “O Poderoso Chefão”.
– Que Diabos “O Poderoso Chefão” tem a ver comigo?
– Um dos melhores filmes que eu já vi até hoje. Agora para de babaquice e deita aqui comigo.

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